terça-feira, 16 de novembro de 2010

Dennis & Eliza

A mulher desapertava a roupa, despia-se cantando e eu me conservava distante encabulado, tentando desamarrar o cordão do sapato, que tinha dado um nó. Não podia descalçar-me e olhava estupidamente um despertador que trabalhava muito depressa. Os ponteiros avançavam e o laço do sapato não queria desatar-se.
Ela já se encontrava totalmente já totalmente nua e eu não conseguia desatar aquele nó, tal situação me fez lembrar de como nos conhecemos - foi num embaraço! Eu acabava de entrar na faculdade na qual lutei pra passar e ela também. Iríamos ser colegas de classe – só tinha um problema ela não falava com ninguém, jurei mudar o seu comportamento. Comecei com um “oizinho” básico; uma semana depois já conversávamos alguns assuntos, sem nunca falar em amor.
Até que um dia Eliza me convidou para ir jantar com a sua família; tive receio, mas aceitei. O jantar até que foi agradável, os pais dela foram legais comigo e até me agradeceram por ter aceito o convite.
Foi então que me contaram o porquê dela não querer falar com ninguém e saibam que o fato não me agradou nem um pouco mas...
Se é assim que a vida queria assim seria. O tempo passou de forma triunfal, Eliza e eu já nos conhecíamos muito bem, estávamos no segundo ano de faculdade, a felicidade era plena, não havia quem interferisse nela, e isto já me deixava feliz; tudo o que ela fazia eu fazia e vice-versa, vivíamos um em função do outro – e é assim até hoje – sentia que o nosso amor estava predestinado a ser eterno.
Passados alguns anos resolvemos nos casar; eu dei as alianças, meu pai a festa e o pai dela a lua-de-mel.
Resolvi, em suma, falar para ela que a nossa primeira noite ia pro brejo, tudo isso por causa de um nó no sapato e ela com todo aquele sorriso meigo chegou e desatou o nó com a maior facilidade, Então era eu quem começava a me despir, ficando totalmente nu, ia para a nossa primeira noite de amor quando o telefone tocou, atendi dizendo:
- Alô!
- Alô!
- Dennis, aqui é o seu sogro.
- E aí sogrão! Tudo bem?
- Tudo e como vão vocês?
- conosco tudo bem. Mas porque ligou?
- Liguei para dizer que vocês têm vinte e quatro horas para curtir a lua-de-mel.
- Tudo bem... Então... Tchau!
E então ela me perguntou:
- Era o meu pai?
- Era.
- E o que ele te falou que te desanimou?
- Um dia e apenas um dia de lua-de-mel.
- Então vamos curtir aproveitar.
E foi pensando nela, que havia mudado de uma menina recatada para uma mulher sensual e foi por ela que consumei meu casamento em um dia. Nove meses depois, tinha em minhas mãos um varão que chamei de Marcelino e eu que achava que o meu amor seria eterno, tinha agora mais uma razão. Eduquei-o mais que eu pude, até o dia em que ele escolheu seu rumo e eu nunca mais o vi, pois assim que ele saiu, eu morri, escrevi uma carta para lhe entregarem, só não sei se foi entregue. Depois que eu morri Elizinha se entristeceu, e não havia quem a consolasse, mas ela jurou seguir um rumo, tentar ser feliz de novo, ela me disse que seria difícil, mas iria tentar.

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